quinta-feira, 10 de março de 2016

Martinho Lutero (1483 – 1546)

Martinho Lutero (1483 – 1546) foi o segundo filho de Hans Luther com Margaret Ziegler e nasceu em 10 de novembro de 1483, na cidade de Eisleben, na Saxônia. Em 1484 sua família mudou-se para Mansfeld onde começou a frequentar a escola eclesiástica local, a partir de 12 de março de 1488, aos 5 anos de idade. O nome verdadeiro de Lutero era Martin Luder. Foi ele que, mais tarde, mudou seu próprio nome.  A família de Lutero era bem de vida. Seu pai trabalhava com cobre, possuía muitas terras e emprestava dinheiro a juros. Ele queria que Lutero fosse advogado (dizem que ele virou monge para fugir de um casamento), mas ele não quis.
Aos 14 anos de idade, Martinho foi enviado por seu pai para estudar em Magdeburg, onde não ficou muito tempo. Em 1501, Lutero terminou seus estudos e transferiu-se para a Universidade de Erfurt para estudar jurisprudência. Já na universidade descobriu que devia fazer o curso de filosofia que procedia o curso de jurisprudência. Após terminar esse curso, Lutero iniciou o curso de Direito. Em agosto de 1505, Lutero teve sua primeira crise de depressão. No dia 2 de julho de 1505, voltando de uma visita aos seus pais, um raio caiu bem próximo de Martinho, e o medo o levou a fazer uma promessa de virar monge caso não morresse. Como nada ocorreu a Martinho, ele ingressou no convento dos eremitas agostinianos de Erfurt.
Em 4 de abril de 1507, Martinho foi ordenado sacerdote. Em 1509, tornou-se bacharel em teologia e foi convidado a lecionar em Erfurt. Martinho começou a analisar a teologia reconhecendo Deus e sua vontade soberana, e começou a considerar os dogmas e leis como expressões da vontade de Deus.
Em 1510, viajou a Roma para impedir que fosse efetuada a fusão dos conventos agostinianos. No outono do ano de 1511 foi transferido para Wittenberg onde começou a pregar e, um ano depois, fez doutorado em teologia.
A partir de 1515, começou a denunciar alguns abusos da igreja católica e questionar o pecado original, isso não significou em nenhum momento que estava rompendo com a Igreja Católica por estar mostrando aquilo que considerava abusos do clero. Lutero denunciou também a compra de lotes no céu e o pagamento de ouro aos padres para que fosse concedido o perdão. Martinho acreditava que só se conseguia o perdão verdadeiro quando o indivíduo estivesse realmente arrependido. Lutero tentou combater os falsos pregadores e pregadores de indulgência.
Segundo historiadores, Lutero nunca
teria pregado suas teses na porta da
igreja de Wittenberg.
Em 1 de novembro de 1517, Martinho Lutero pregou, em frente há igreja do palácio de Wittemberg, 95 teses sobre indulgências. Sobre esse fato existem dúvidas. A maioria dos historiadores afirma que a cena de Lutero pregando suas 95 teses no Castelo de Wittenberg em 1517 é falsa. O próprio  Lutero nunca citou esse fato e não existem relatos de outras pessoas desse acontecimento. Na verdade, ele teria enviado as teses para alguns bispos e amigos.
Suas teses foram publicadas e chegaram à opinião pública. Assim, a reforma protestante começou. Lutero foi demitido de seu cargo de vigário de distrito pelas suas teses. Em maio de 1518, Lutero enviou uma carta ao Papa defendendo-se e dizendo que não tinha a intenção, com a publicação de suas teses, de ofendê-lo ou de se separar da religião católica. Disse também que tinha proposto melhorias pela maneira como interpretou a bíblia.
O monge dominicano Tetzel começou a travar discuções com Lutero e publicar antíteses. O papa ordenou a Lutero que se retratasse ou deveria se apresentar à cúria romana em dois meses. Lutero não se retratou e seu amigo Frederico, o sábio, interveio para que viessem representantes da cúria para a Alemanha. O Papa aceitou o pedido e enviou um cardeal para Ausgurgo. Após três encontros com Lutero, o cardeal se irritou com Lutero, e ordenou que ele se retratasse ou saísse de sua frente. Lutero foi embora.
Lutero foi excomungado pelo Papa. Pouco tempo depois, estava passando de carroça por uma estrada e foi sequestrado. Segundo historiadores, esse foi na verdade um falso sequestro feito por Frederico, o sábio, para proteger seu amigo Lutero. Pouco tempo depois começou a ser considerado um fora da lei.
O Papa Leão X morreu em 1521, ano em que Lutero saiu do castelo de Frederico e começou a se reunir com seus amigos protestantes. A nobreza alemã estava cansada dos abusos da igreja e se uniu à reforma. Lutero que anteriormente queria uma reconciliação com a igreja católica, agora desejava separação e chamou a Igreja Romana de igreja demoníaca e disse que Roma era a capital do inferno.
A Alemanha estava à beira de uma Guerra civil. Em 1521, Lutero é obrigado a se refugiar no castelo do príncipe Frederico. Ocupa-se em traduzir a Bíblia para o alemão permitindo que todos tivessem acesso e pudessem interpretar livremente a Sagrada Escritura. Lutero traduziu o Novo Testamento do grego para o alemão em apenas 11 semanas, publicando-o em 1522. Ele era muito prolixo (falava muito), escrevendo em média 1800 páginas por ano. No decorrer do tempo, ele foi tornando-se menos polido (educado) em seus escritos. Chamava os turcos de “diabos”, os judeus de “mentirosos” e Roma de a cidade cercada de “teólogos-porcos”.
 Lutero pode ser classificado como antissemita. Em 1523, apresentou um tom conciliatório, mas em 1543 escreveu um livro totalmente antissemita chamado “Os Judeus e suas Mentiras” No livro ele chega a recomendar que os judeus sejam privados de dinheiro, direitos civis, educação religiosa e em geral, e que sejam obrigados a trabalhar a terra, caso contrário deveriam ser expulsos da Alemanha. Durante a Segunda Guerra, o Terceiro Reich sempre citava trechos dos trabalhos antissemitas de Lutero para convencer a população do extermínio dos judeus.
Na formulação de suas doutrinas, Lutero foi ajudado por Felipe Melanchton, um professor grego da Universidade de Wittenberg. Alterou o cerimonial da missa, substituiu o latim pelo alemão e passou a rejeitar todas as hierarquias eclesiásticas, desde padres, bispos arcebispos e até o Papa. Renegou a interpretação oficial da Bíblia. Os sacerdotes obtiveram permissão para contrair matrimônio, e ele próprio casou-se com uma ex-freira, em 1525. Conservou o batismo e a eucaristia, deu maior valor à fé do que às boas ações como meio de atingir a salvação.

O movimento Luterano teve consequências que revolucionaram a sociedade da época, abriu caminho para rebeliões políticas e sociais. A forma de protestantismo proclamada por Lutero, além da Alemanha, chegou até a Suécia, Dinamarca e aos Países Baixos. Várias doutrinas seguiram seus princípios, criando igrejas nacionais, como o anglicanismo na Inglaterra, o calvinismo na Suíça, além de diversas ramificações.
Em 15 de junho de 1525, Lutero se casou com uma ex-freira, Catarina Von Borá. Para muitos de seus amigos, o casamento foi uma surpresa. O casamento de Lutero foi uma surpresa até para seus amigos mais próximos. Philipp Melanchthon, um de seus mais colegas chegados, chegou a escrever em 1525: “inesperadamente Lutero casou-se com Bora, sem nem mesmo mencionar seus planos para seus amigos.” Muitos dos amigos do reformador achavam que Lutero não devia se casar por causa da castidade.
Katharina von Bora, era 16 anos mais nova do que ele. Era ela quem administrava toda a casa, inclusive financeiramente. Sua capacidade de gerenciamento pode ser comprovada pelo fato de que moravam com o casal em 1529: seis filhos, um parente de Katharina, seis dos sobrinhos de Lutero e alguns estudantes (e ela ainda tinha tempo para cuidar do jardim e fazer cerveja, que a propósito, Lutero gostava muitíssimo).  Nessa mesma época o luteranismo se espalhou por diversos países da Europa.
Em 1527 os ingleses uniram-se a Roma e criaram uma coligação para derrotar o rei da Alemanha e reinstalar o catolicismo no local. O rei da Alemanha, Carlos V, como resposta, invadiu Roma juntamente com italianos e espanhóis.
Lutero sofria de reumatismo, pedras nos rins e angina peitoral. Ele também era meio hipocondríaco, pois comparava um punhado de remédio para suas doenças. Além disso, ele era obeso. Estima-se que ao morrer, ele pesasse uns 150 quilos. Lutero foi encontrado morto por alguns amigos aos 63 anos de idade, em sua cama, em sua cidade natal (Eisleben). Morreu no dia 18 de fevereiro de 1546, e foi sepultado na Igreja do Castelo de Wittenberg.



JORGE, Fernando. Lutero e a Igreja do pecado. São Paulo: Mercuryo, 1992.
LUTERO, Martinho. Reforma, 450 anos. Bad godesberg: Inter Nationes, 1967.
FEBVRE, Lucien Paul Victor. Martinho Lutero: um destino. Amadora: Bertrand, 1976.
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