segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Prudente de Moraes (1841-1902)

Prudente José de Moraes Barros (1841-1902) foi presidente do Brasil. O primeiro presidente civil da República e o primeiro eleito pelo voto popular. Formado em Direito, assumiu vários cargos políticos. Eleito o terceiro presidente da República, tomou posse em 15 de novembro de 1894 e permaneceu no cargo até 1898. Nasceu em Itu, São Paulo, no dia 4 de outubro de 1841. Filho de José Marcelino de Barros, agricultor e tropeiro, e de Catarina Maria de Morais. Ficou órfão de pai quando tinha 3 anos de idade. Algum tempo depois sua mãe se casa com o Major José Gomes Carneiro. Aprendeu com a mãe as primeiras letras. Foi aluno do Colégio Manuel Estanislau Delgado.
Em 1857 mudou-se para São Paulo, onde em 1858 conclui seus estudos preparatórios no Colégio João Carlos da Fonseca. Em 1859 entrou para a Faculdade de Direito de São Paulo, onde fez amizade com futuros líderes da República e notórios homens públicos, entre eles, Campos Sales, Francisco Rangel Pestana e Bernardino de Campos.
Em 1863, já formado, foi morar em Piracicaba, onde morava seu irmão Manuel, fazendeiro, advogado e político. Abriu um escritório de advocacia e iniciou sua vida pública. Pertencente ao Partido Liberal, foi eleito vereador e em janeiro de 1865 foi eleito presidente da Câmara Municipal. Mudou o nome da cidade, antes Vila Nova da Constituição, para Piracicaba. Logo tornou-se prefeito de Piracicaba e em 1866 viajou para Santos onde se casa com Adelaide Benvinda, filha de seu padrinho. Dessa união nasceram oito filhos.
Prudente de Morais ingressa definitivamente no Partido Republicano, em 1876. Em 1877 foram eleitos três deputados por São Paulo e Prudente foi o que recebeu o maior número de votos. Em 1885 foi eleito deputado para a Câmara do Império. Com a Proclamação da República, forma-se uma junta para governar São Paulo e Prudente é designado, junto com Francisco Rangel Pestana e o Tenente-Coronel Joaquim de Souza Mursa. Em dezembro, a junta é extinta e Prudente é nomeado governador. Durante esse período determinou que a quantia de 200 contos de réis, destinados por lei, para a construção da catedral, fossem usados na construção da Escola Normal.
Em 18 de outubro de 1890, deixou o governo paulista para participar da Assembleia Constituinte da República, como senador. A sessão começou em 15 de novembro de 1890, um ano após a Proclamação da República. Prudente é escolhido para presidir a Assembleia que redigiria a Primeira Constituição Republicana. Só em 24 de fevereiro de 1891 a Constituição é aprovada.
Embora a constituição estabelecesse que a eleição para presidente fosse direta, Prudente foi derrotado por Deodoro da Fonseca, eleito pelo Congresso Nacional. Com a derrota voltou a presidir o senado. Com o clima político tumultuado, Deodoro renunciou e assumiu seu vice Floriano Peixoto. Em 1894 foi marcada uma nova eleição e no dia 1 de março, Prudente de Morais é eleito primeiro presidente pelo voto popular, tomando posse no dia 15 de novembro.
Seu governo como presidente marcou a passagem do poder central das mãos dos militares para os civis. Entretanto, temos ainda em sua administração uma forte presença de militares ligados ao presidente Floriano Peixoto, o que poderia abrir margens para que estes pudessem voltar ao posto presidencial. Ao assumir a presidência, se viu diante de um país que passava por momentos de intensa agitação política, tanto na Capital Federal, resultado ainda da instalação da República, como nas lutas partidárias no Rio Grande do Sul, que transformaram-se numa violenta guerra civil. Enfrentou a queda do preço do café no mercado internacional, a desvalorização da moeda, e também a Guerra dos Canudos, um movimento de resistência à opressão dos latifundiários comandada por Antônio Conselheiro, no sertão baiano, que ocupou grande parte do seu governo, de 1896 a 1897.
Sua primeira preocupação era pacificar o país e equilibrar as finanças, para evitar a total desvalorização da moeda. Durante o período de novembro de 1896 a março de 1897, Prudente de Morais, esteve afastado do governo para tratamento de saúde, ficando no cargo o vice, Manuel Vitorino Pereira.
Para dispersar o movimento de resistência no Arraial de Canudos, comandado por Antônio Conselheiro, o governo da Bahia enviou para a região três expedições militares, todas derrotadas. O Presidente, ao reassumir o governo ordenou ao Ministro da Guerra, Marechal Bittencourt, que seguisse para Bahia e assumisse o controle das operações. Após intenso bombardeio de canhões o arraial não resistiu, sua população foi toda massacrada.
Prudente de Morais, no dia 5 de novembro de 1897, foi recepcionar o marechal Bittencourt quando houve um atentado contra a vida do Presidente, que ocasionou a morte do marechal. Tal fato levou o presidente a decretar o estado de sítio, afastando os políticos de oposição e pacificando a República.
A atitude do governo de Prudente de Morais diante das duas revoltas sociais que ocorreram no período, deixariam evidente a face elitista da República oligárquica. Com a elite rebelde gaúcha, o governo negociou o fim da Revolução Federalista e anistiou os envolvidos. Na Guerra de Canudos, ao contrário, cometeu um dos maiores massacres da história, republicana ao reprimir com violência a população pobre.
Neste conflito armado, as tropas militares governamentais não fizeram prisioneiros, pois os soldados eliminaram milhares de sertanejos. Os governantes da Primeira República que sucederam Prudentes de Morais adotariam o mesmo padrão de conduta diante dos movimentos sociais de caráter popular.
Prudente de Morais definiu por toda a vida o seu perfil de homem prudente demais. Os princípios morais, éticos, legais e a busca pela justiça marcaram sua vida pública e privada. Meticuloso e regrado nos atos, articulador e firme nas palavras, construiu sua imagem e as bases políticas para a consolidação da República no Brasil.
Dedicou seu último ano de governo às negociações com os credores estrangeiros e resolvendo as questões da política externa. No dia 15 de novembro de 1898, prepara-se para a solenidade de transmissão do cargo. No dia 23 segue para Piracicaba. A partir de 1901, muito doente e enfraquecido, é atacado pela tuberculose. Prudente José de Morais Barros faleceu vítima de tuberculose, em Piracicaba, São Paulo, no dia 3 de dezembro de 1902. Foi homenageado dando nome as cidades de Presidente Prudente (SP), Prudente de Morais (MG) e Prudentópolis (PR).

Esalq - Piracicaba - Ano
¨Sou Prudente no nome, prudente por princípios, e prudente por hábito. Sou também prudente, procurando evitar questões pessoais odiosas"

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