Hermes Rodrigues
da Fonseca (1855 - 1923) nasceu
em São Gabriel, Rio Grande do Sul, no dia 12 de maio de 1855. Foi importante
militar e presidente do Brasil entre 1910 e 1914. Seu pai era natural de Alagoas e, sendo
militar, foi transferido para São Gabriel, onde Hermes nasceu, em 1855. Quando
o pai foi enviado para a Guerra do Paraguai, a família retornou para o Rio de
Janeiro. Hermes era sobrinho do Marechal Deodoro da Fonseca, primeiro
presidente do Brasil.
Em 1871, aos 16 anos, formou-se
bacharel em ciências e letras e ingressou na Escola Militar do Rio de Janeiro,
onde foi aluno de Benjamin Constant, um dos introdutores das ideias de Auguste
Comte no Brasil, e não escapou assim à influência do mestre, embora não se
tornasse um positivista ortodoxo. Quando se formou serviu como ajudante de
ordens do príncipe Gastão de Orléans, conde d'Eu. Apoiou a república proclamada
por seu tio Manuel Deodoro da Fonseca, e foi convidado por este a ser
ajudante-de-campo e secretário militar após o golpe. Em dez meses passou de
capitão a tenente-coronel.
Por ocasião da revolta da
esquadra (1893), destacou-se, em Niterói, no comando da defesa do governo de
Floriano Peixoto. De 1894, quando foi promovido a coronel, a 1896 comandou o 2°
Regimento de Artilharia Montada, depois foi nomeado chefe da Casa Militar da
Presidência. Comandou a Brigada Policial do Rio de Janeiro (atual Polícia
Militar do Estado do Rio de Janeiro) entre 1899 e 1904, quando assumiu o
comando da Escola Militar do Realengo, que formava os oficiais do exército. Como
comandante da Escola Preparatória do Realengo, em 1904, reprimiu a Revolta da
Vacina, movimento que, em nome da liberdade individual, protestou contra a
obrigatoriedade da vacina antivariólica, traduzindo, também, a insatisfação
popular mais ampla contra o regime. O presidente Rodrigues Alves promoveu-o a
marechal.
Desempenhou vários cargos
governamentais até se tornar ministro da Guerra, durante o governo de Afonso
Pena (1906-1909), entre 15 de novembro de 1906 e 27 de maio de 1908. Reformou o
Exército e o Ministério com a criação de serviços técnicos e administrativos.
Dessas inovações, a mais importante foi a instituição do serviço militar
obrigatório, conquanto essa lei só fora legitimada em 1964. Devido à discussão
na Câmara sobre a participação dos militares na vida política do país, pediu
demissão do cargo. Foi depois ministro do Supremo Tribunal Militar (STM).
Em novembro de 1908, após
regressar de uma viagem à Alemanha, onde assistira a manobras militares como
convidado de Guilherme II, foi indicado para a sucessão presidencial. Contou
com o apoio do presidente Nilo Peçanha, que substituiu Afonso Pena, e das
representações estaduais no Congresso Nacional, à exceção das bancadas de São
Paulo e Bahia, que apoiavam o nome do senador Rui Barbosa e o presidente de São
Paulo Albuquerque Lins como candidato a vice-presidente, e deram início à
campanha civilista.
Pela primeira vez no regime
republicano se instalou um clima de campanha eleitoral com a disputa entre
civilistas e hermistas. Com o convite de Nilo Peçanha para que retornasse ao
cargo no ministério, se fortaleceu e venceu as eleições de 1910 contra Rui Barbosa.
Na eleição de 1 de março de
1910, o país se dividiu: Bahia, São Paulo, Pernambuco, o estado do Rio de
Janeiro e parte de Minas Gerais, apoiaram o candidato Rui Barbosa, que tinha o
presidente de São Paulo, Albuquerque Lins, como seu vice-presidente, e os
demais estados apoiaram a candidatura de Hermes da Fonseca, que tinha Venceslau
Brás como seu vice. Hermes e Wencesláu Brás venceram. Hermes teve 403.867 votos
contra 222.822 votos dados a Rui Barbosa. Depois de eleito viajou à Europa,
onde assistiu à queda da monarquia em Portugal.
Hermes da Fonseca enfrentou,
logo na primeira semana de governo, em novembro de 1910, a Revolta da Chibata,
arquitetada por cerca de dois anos e que culminou num motim dos marinheiros no
Encouraçado Minas Gerais, Encouraçado São Paulo, Encouraçado Deodoro e Cruzador
Bahia, revolta liderada pelo marinheiro João Cândido Felisberto. Depois de
conseguido o objetivo, o fim da aplicação da Chibata na Marinha, e concedida a
anistia a todos os mais de dois mil marinheiros amotinados, o governo traiu sua
palavra e começou um processo de expulsão de marinheiros. O primeiro motim, já
controlado, foi seguido de um levante no batalhão de fuzileiros navais sem
causa aparente. O Marechal Hermes ordenou o bombardeio aos portos e colocou o
país em estado de sítio. Mais de 1200 marinheiros foram expulsos e centenas
foram presos e mortos. Apesar de ser bastante popular quando eleito, sua imagem
ficou bastante abalada depois da revolta. Logo outra revolta veio conturbar o
seu governo, a Guerra do Contestado, que não chegou a ser debelada até o fim de
seu governo.
Manteve a ordem e apoiado pelo
Partido Republicano Conservador, liderado pelo senador Pinheiro Machado,
retomou o esquema das administrações anteriores, sem poder, contudo, conter o
surto militarista das chamadas "salvações", que consistiam na
derrubada das oligarquias que dominavam as regiões Norte e Nordeste. Foi no seu
Governo que foi criada a Faixa Presidencial, pelo Decreto número 2.299, de 21
de dezembro de 1910.
A Política das Salvações, nem
sempre pacífica, consistiu em promover intervenções federais sucessivamente nos
Estados de Pernambuco, Bahia, Ceará e Alagoas, alegando a prática de corrupção
e a fim de colocar militares na chefia dos Estados, em substituição aos
políticos. As intervenções provocaram violenta oposição, que resultou no
bombardeio a Manaus em 8 de outubro de 1910, ainda no Governo de Nilo Peçanha e
Salvador.
Em seu governo ocorreu nova
renegociação da dívida externa brasileira, em 1914, com um segundo funding loan
(o primeiro fora negociado por Campos Sales), pois a situação financeira do
Brasil não andava bem. Sua política externa manteve a aproximação com os
Estados Unidos, traçada pelo chanceler barão do Rio Branco, que continuou no
cargo de ministro, até 1912, quando faleceu.
No plano interno, prosseguiu o
programa de construção de ferrovias, incluindo a ferrovia Madeira-Mamoré e de
escolas técnico-profissionais, delineado no governo Afonso Pena. Instalou a
Universidade do Paraná. Concluiu as reformas e obras da Vila Militar de Deodoro
e do Hospital Central do Exército (HCE), entre outras, além das vilas
operárias, no Rio de Janeiro, no subúrbio de Marechal Hermes e no bairro da
Gávea.
Foi o único presidente a casar
durante o mandato presidencial, sua primeira esposa, Orsina Francioni da
Fonseca, com quem casou-se em 1878 veio a falecer em 1912.[2] Sua segunda
esposa foi a caricaturista Nair de Tefé von Hoonholtz, filha do barão de Teffé.
Nair seria hoje considerada uma feminista - e, em sua longa vida, chegaria a
participar das primeiras comemorações do Ano Internacional da Mulher. As
cerimônias civil e religiosa ocorreram no dia 8 de dezembro de 1913, no Palácio
Rio Negro, em Petrópolis.
Durante seu governo, foi
editado um decreto instituindo o uso da faixa presidencial no Brasil, sendo ele
mesmo o primeiro presidente a usá-la e o primeiro a passá-la a seu sucessor.[1]
Desde então, todos os presidentes a recebem na ocasião da posse. Hermes da
Fonseca é um dos dois únicos militares a chegar na Presidência de forma direta
e eleitoral. O outro foi Eurico Gaspar Dutra. Durante todo o seu mandato andou
fardado, inclusive durante as reuniões ministeriais.[3]
Ao deixar a presidência, em
novembro de 1914, candidatou-se ao Senado pelo Rio Grande do Sul, mas se
recusou a assumir a cadeira, em virtude do assassinato de Pinheiro Machado, no
dia em que deveria ser diplomado, em setembro de 1915. Viajou para a Europa,
afastando-se da política, e só retornou ao Brasil após seis anos de vida na
Suíça (1920), quando se iniciava uma nova campanha presidencial. Acolhido
carinhosamente pelos militares, foi conduzido à presidência do Clube Militar em
1921. Nesta condição entrou em conflito com o governo de Epitácio Pessoa ao
prestigiar as forças políticas que apoiaram a candidatura de Nilo Peçanha, no
movimento "reação republicana", e envolver-se na frustrada revolta
militar de 1922, conhecida como revolta do forte de Copacabana.
Durante a eleição presidencial
de 1922, cartas falsas contra Hermes da Fonseca, onde era chamado de sargentão
sem compostura, foram atribuídas à autoria de Artur Bernardes, o que causou
tumulto imenso naquelas eleições. Sua prisão foi então decretada pelo
presidente Epitácio Pessoa. Seis meses depois foi libertado graças a um habeas
corpus. Doente, retirou-se para Petrópolis (RJ), onde morreu em 9 de setembro
de 1923. Foi sepultado no cemitério da cidade.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hermes_da_Fonseca
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