Alberto Santos Dumont (1873 – 1932) nasceu no dia 20 de julho de 1873 no sítio Cabangu, no local que viria a ser o
município de Palmira (hoje rebatizado em honra a ele), em Minas Gerais. Filho
de Henrique Dumont, de ascendência francesa e engenheiro de obras públicas, e
de Francisca Santos Dumont, filha de uma tradicional família portuguesa.Com
Alberto ainda pequeno a família se mudou para Valença (RJ) e passou a se
dedicar ao café. Em seguida seu pai comprou a Fazenda Andreúva a cerca de 20 km
de Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Ali, o pai de Alberto logo percebeu o
fascínio do filho pelas máquinas da fazenda e direcionou os estudos do rapaz
para a mecânica, a física, a química e a eletricidade.Em 1891, Alberto, então
com 18 anos e emancipado, foi para a França completar os estudos e perseguir o
seu sonho de voar. Ao chegar em Paris, admirou-se com os motores de combustão
que começavam a aparecer impulsionando os primeiros automóveis e comprou um
para si. Logo Santos Dumont estava promovendo e disputando as primeiras
corridas de automóveis em Paris.
Com a morte
do pai, um ano depois, o jovem Santos Dumont sofreu um grande abalo emocional,
mas continuou os estudos na Cidade-Luz. Em 1897 fez seu primeiro vôo num balão
alugado. Um ano depois, subia ao céu no balão Brasil, construído por ele. Mas
procurava a solução para o problema da dirigibilidade e propulsão dos balões.
Projetou então o seu número 1, com forma de charuto, com hidrogênio e motor a
gasolina. No dia 20 de setembro de 1898 realizou o primeiro vôo de um balão com
propulsão própria. No ano seguinte voou com os dirigíveis número 2 e número 3.
O sucesso de Santos Dumont chamou a atenção do milionário Henry Deutsch de la
Muerte que no dia 24 de março de 1900 ofereceu um prêmio de cem mil francos a
quem partisse de Saint Cloud, contornasse a torre Eiffel e retornasse ao ponto
de partida em 30 minutos.
Santos
Dumont fez experiências com os números 4 e 5. Em 19 de outubro de 1901 cruzou a
linha de chegada com o número 6, mas houve uma polêmica graças a um atraso de
29 segundos. Em 4 de novembro o Aeroclube da França declarou-o vencedor. Além
do Prêmio Deutsch recebeu do presidente Campos Salles outro prêmio no mesmo
valor e uma medalha de ouro. Em 1902 o príncipe de Mônaco, Alberto 1º, ofereceu
um hangar para ele fazer suas experiências no principado. Santos Dumont
continuou construindo seus dirigíveis. O numero 11 foi um bimotor com asas e o
numero 12 parecia um helicóptero. Em 1906 foi instituída a Taça Archdeacon para
um vôo mínimo de 25 metros com um aparelho mais pesado que o ar, com propulsão
própria. O Aeroclube da França lançou o desafio para um vôo de 100 metros.
Em abril de
1902 Santos Dumont viajou para os Estados Unidos onde visitou os laboratórios
de Thomas Edison e foi recebido pelo presidente Theodore Roosevelt. Em 23 de
outubro de 1906, no Campo de Bagatelle, o 14-Bis voou por uma distância de 60
metros, a três metros de altura e conquistou a Taça Archdeacon. Uma multidão de
testemunhas assistiu a proeza e no dia seguinte toda a imprensa louvou o fato
histórico. O dinheiro do prêmio foi distribuído para seus operários e os pobres
de Paris, como era o costume do inventor.
Em 12 de
novembro de 1906, na quarta tentativa, conseguiu realizar um vôo de 220 metros,
estabelecendo o primeiro recorde de distância e ganhando o Prêmio Aeroclube.
Santos Dumont não ficou satisfeito com os números 15 a 18 e construiu a série
19 a 22, de tamanho menor, chamadas Demoiselles.Santos Dumont recebeu diversas
homenagens na Europa e nas Américas, em especial no Brasil, onde foi recebido
com euforia. Como o brasileiro não patenteava suas invenções, seus projetos
foram aperfeiçoados por outros como Voisin, Leon Delagrange, Blériot, Flarman.
Em 1909
ocorreram dois grandes eventos: a Semaine de Champagne, em Reims, o primeiro
encontro aeronáutico do mundo e o desafio da travessia do Canal da Mancha.
Nesse ano Santos Dumont obteve o primeiro brevê de aviador, fornecido pelo
Aeroclube da França. Em 25 de julho de 1909, Blériot atravessou o canal da
Mancha e foi parabenizado por carta pelo brasileiro. Cansado e com a saúde abalada,
Santos Dumont realizou seu último vôo em 18 de setembro de 1909. Depois fechou
sua oficina e em 1910 retirou-se do convívio social. Em agosto de 1914, a
França foi invadida pelas tropas alemãs. Era o início da Primeira Guerra
Mundial. Aeroplanos começaram a ser usados na guerra e Santos Dumont
amargurou-se ao ver sua invenção ser usada com finalidades bélicas.
Passou a se
dedicar ao estudo da astronomia, residindo em Trouville, perto do mar. Em 1915,
com a piora na sua saúde, decidiu retornar ao Brasil. No mesmo ano, participou
do 11º Congresso Científico Panamericano nos Estados Unidos, tratando do tema
da utilização do avião como forma de facilitar o relacionamento entre os
países.
Já sofrendo com a depressão, encontrou refúgio em Petrópolis, onde projetou e construiu seu chalé "A Encantada": uma casa com diversas criações próprias, como um chuveiro de água quente e uma escada onde só se pode pisar primeiro com o pé direito. Permaneceu lá até 1922, quando visitou os amigos na França. Passou a se dividir entre Paris, São Paulo, Rio de Janeiro, Petrópolis e Fazenda Cabangu, MG. Em 1922, condecorou Anésia Pinheiro Machado, que durante as comemorações do centenário da independência do Brasil, fizera o percurso Rio de Janeiro-São Paulo num avião. Em janeiro de 1926, apelou à Liga das Nações para que se impedisse a utilização de aviões como armas de guerra. No mesmo ano, inventou um motor portátil para esquiadores, que facilitava a subida nas montanhas. Internou-se no sanatório Valmont-sur-Territet, na Suíça.
Em maio de
1927, chegou a ser convidado pelo Aeroclube da França para presidir o banquete
em homenagem a Charles Lindberg, pela travessia do Atlântico, mas declinou do
convite devido a seu estado de saúde. Passou algum tempo em convalescença em
Glion, na Suíça e depois retornou à França. Em 1928 veio
ao Brasil no navio Cap Arcona. A cidade do Rio de Janeiro tinha se preparado
para recebê-lo festivamente. Mas o hidroavião que ia fazer a recepção,
sobrevoando o navio onde estava, da empresa Condor Syndikat, e que fora
batizado com seu nome, sofreu um acidente, sem sobreviventes. Abatido, Santos
Dumont retornou a Paris. Em junho de
1930 foi condecorado com o título de Grande Oficial da Legião de Honra da
França. Em 1931, esteve internado em casas de saúde em Biarritz, e em Ortez no
sul da França. Antônio Prado Júnior, ex-prefeito do Rio de Janeiro, encontrou
Santos Dumont doente na França, o que o levou a entrar em contato com a família
e a pedir ao sobrinho Jorge Dumont Villares que fosse buscar o tio.
De volta ao
Brasil, passam por Araxá, em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e
finalmente no Guarujá, onde se instalou no Hotel La Plage, em maio de 1932.
Antes, em junho de 1931 tinha sido eleito membro da Academia Brasileira de
Letras.Em 1932, explodiu a Revolução Constitucionalista, quando o Estado de São
Paulo se levantou contra o governo de Getúlio Vargas. Isso incomodava a Santos
Dumont, que lançou apelos para que não houvesse uma guerra civil. Mas aviões
atacaram o campo de Marte, em São Paulo, no dia 23 de julho. Possivelmente esse
fato pode ter piorado a angústia de Santos Dumont, que nesse dia,
aproveitando-se da ausência de seu sobrinho, suicidou-se, aos 59 anos de idade,
sem deixar descendentes.
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